Sonhadora Inata

Não preciso de amigos que mudem quando eu mudo e concordem quando eu concordo. A minha sombra faz isso muito melhor. (Plutarco)

quinta-feira, junho 29, 2006

Seara de Fogo


Baila-nos o olhar na planície oscilante
No sopro das searas amadurecidas pelo fogo
Em que o tempo se suspende em nossas mãos
E das nossas bocas as espigas se desprendem.
Não há solidão no espaço imenso que nos cinge
Na campina térrea em que o momento se demora
Não há hora para os corpos que se querem
Não há vontade que se esgote em nossos rostos
O amor ainda queima na seara incendiada
Quando da pele o suor quente se desprende
E é na labareda da memória que o presente
É já do restolho cinza de saudade anunciada.

segunda-feira, junho 19, 2006

Finjo não saber


Não há crepúsculos que não invoquem o teu rosto
Quando o sol pernoita na vertigem do poente
E na extinta luz da planície um fogo posto
Que me queima a pele do teu corpo já ausente

Encontro-te nas esbatidas sombras da cidade
Quando nelas a aragem quente me conforta
Vejo as letras do teu nome a cada porta
Nesta loucura branca que me embarga de saudade

Já não existo, apenas sobrevivo…
Na cobardia estéril onde encerro a tua ausência
Camuflada em doces laivos de demência

E finjo não saber porque motivo
Quando a noite desferrolha o coração
Gravita no meu céu a palavra solidão