Sonhadora Inata

Não preciso de amigos que mudem quando eu mudo e concordem quando eu concordo. A minha sombra faz isso muito melhor. (Plutarco)

sexta-feira, setembro 29, 2006

Esperas de Setembro



Espero por ti nesta tarde de Setembro,
Á hora tranquila em que a paisagem se ajeita e adormece.
E o corpo, como um guerreiro esgotado,
Deixa tombar do colo o livro decrépito do tempo.

Espero por ti e já não lembro
Porque sustento o baloiçar da cadeira,
Neste final de tarde com aroma a fruta e desalento e
Em que acalento no regaço o cansaço morno dos dias.

Quedo-me, esvaziada, nesta espera moribunda
De olhos lassos no acrílico horizonte
Perdida no letargo nostálgico das horas
Enquanto aconchego o sono e o sonho à mantilha cor de ausência.

No jardim das nossas memórias, as buganvílias definham,
E os chapins, deixam um rasto de bulício e saudade
Na copa plana das verdes macieiras.

É tão raro ver-te sair do crepúsculo das suaves tardes de fim de Verão,
Que chego a duvidar que seja Setembro
Para poder crer no teu regresso.

Por vezes, és tão-só a silhueta de um passado que deixei preso ao silêncio da renúncia.
Outras, a vontade esmagada contra o ventre da incerteza em que demoras,
Por entre as brisas tépidas que me anunciam a noite branca.

Todavia, muito além do contorno das sombras,
Sei que chegarás no fausto esplendor de tudo o que é ausente,
Nesta tarde demente em que te invento,
E em que o pôr-do-sol cinzela de fogo e prata a planície incandescente.

8 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Um poema de Outono, e consequentemente um poema melancólico mas belíssimo. Soube-me bem lê-lo.

sexta-feira, setembro 29, 2006 3:09:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

E eu fiquei aqui presa, cativa e maravilhada... apetecia-me um chocolatito quente! beijos

segunda-feira, outubro 02, 2006 9:13:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

...:))))))))) e quem melhor pintaria este estertoroso entardecer de bungavílias que difinham, em fim de Verão, enraizando-se nas sementes para no Equinócio primaveril ao esplendor regressar.:)))))))))) !? Que dizer!? ...Simplemente bonito, simplesmente sonhador! Pois....


Entardece pálido o estio cessante
Ao nascer do Outono a levante
E, como sempre, o ciclo solar acontece

Na Natureza muita da vida esmorece
Prepara-se p`ra uma letargia hibernante
Para da agrura do ciclo ficar distante

Mas na vida onde o ânimo prevalece
E que o pulsar do coração fortalece
Com impulsos de paixão a cada instante
Essa flexão helíaca é dela simples nuance

Pois um coral d`ímpetos, no interior, cresce
Num fluxo d`afectos que o Ser engrandece
Presenteando-o com animismo brilhante
P`ra que desejo, sonho, sejam nele constantes!



...:)))) Com um beijo cinzelado a fogo na planície incandescente

terça-feira, outubro 03, 2006 10:23:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Lindo . Beijinho

terça-feira, outubro 03, 2006 7:55:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Encantador... (acho que digo sempre o mesmo, mas é porque sinto sempre o mesmo, sobre o que tu escreves).

É pena não escreveres mais vezes.

Beijos mil em tu.

quarta-feira, outubro 04, 2006 6:33:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

hum...o outono ....as palhas que a ninguem passa...o ver de tao longe que se encontra...muito ...mesmo muito...vou continuar a ler-te...great..

sexta-feira, outubro 06, 2006 12:51:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Quem espera sempre alcança :)

Lindo este poema.

Beijosss Essa :)

sábado, outubro 14, 2006 7:01:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A saudade, a espera e a certeza, "agasalhadas" de forma acolhedora...Acho que me habituei a ler-te:).

Beijooooo

quarta-feira, outubro 18, 2006 1:44:00 da tarde  

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