Esperas de Setembro

Espero por ti nesta tarde de Setembro,
Á hora tranquila em que a paisagem se ajeita e adormece.
E o corpo, como um guerreiro esgotado,
Deixa tombar do colo o livro decrépito do tempo.
Espero por ti e já não lembro
Porque sustento o baloiçar da cadeira,
Neste final de tarde com aroma a fruta e desalento e
Em que acalento no regaço o cansaço morno dos dias.
Quedo-me, esvaziada, nesta espera moribunda
De olhos lassos no acrílico horizonte
Perdida no letargo nostálgico das horas
Enquanto aconchego o sono e o sonho à mantilha cor de ausência.
No jardim das nossas memórias, as buganvílias definham,
E os chapins, deixam um rasto de bulício e saudade
Na copa plana das verdes macieiras.
É tão raro ver-te sair do crepúsculo das suaves tardes de fim de Verão,
Que chego a duvidar que seja Setembro
Para poder crer no teu regresso.
Por vezes, és tão-só a silhueta de um passado que deixei preso ao silêncio da renúncia.
Outras, a vontade esmagada contra o ventre da incerteza em que demoras,
Por entre as brisas tépidas que me anunciam a noite branca.
Todavia, muito além do contorno das sombras,
Sei que chegarás no fausto esplendor de tudo o que é ausente,
Nesta tarde demente em que te invento,
E em que o pôr-do-sol cinzela de fogo e prata a planície incandescente.
8 Comments:
Um poema de Outono, e consequentemente um poema melancólico mas belíssimo. Soube-me bem lê-lo.
E eu fiquei aqui presa, cativa e maravilhada... apetecia-me um chocolatito quente! beijos
...:))))))))) e quem melhor pintaria este estertoroso entardecer de bungavílias que difinham, em fim de Verão, enraizando-se nas sementes para no Equinócio primaveril ao esplendor regressar.:)))))))))) !? Que dizer!? ...Simplemente bonito, simplesmente sonhador! Pois....
Entardece pálido o estio cessante
Ao nascer do Outono a levante
E, como sempre, o ciclo solar acontece
Na Natureza muita da vida esmorece
Prepara-se p`ra uma letargia hibernante
Para da agrura do ciclo ficar distante
Mas na vida onde o ânimo prevalece
E que o pulsar do coração fortalece
Com impulsos de paixão a cada instante
Essa flexão helíaca é dela simples nuance
Pois um coral d`ímpetos, no interior, cresce
Num fluxo d`afectos que o Ser engrandece
Presenteando-o com animismo brilhante
P`ra que desejo, sonho, sejam nele constantes!
...:)))) Com um beijo cinzelado a fogo na planície incandescente
Lindo . Beijinho
Encantador... (acho que digo sempre o mesmo, mas é porque sinto sempre o mesmo, sobre o que tu escreves).
É pena não escreveres mais vezes.
Beijos mil em tu.
hum...o outono ....as palhas que a ninguem passa...o ver de tao longe que se encontra...muito ...mesmo muito...vou continuar a ler-te...great..
Quem espera sempre alcança :)
Lindo este poema.
Beijosss Essa :)
A saudade, a espera e a certeza, "agasalhadas" de forma acolhedora...Acho que me habituei a ler-te:).
Beijooooo
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